Ser ou não ser Mãe Coruja? Eis a questão ...
Eu sou e assumo, não tenho vergonha nenhuma de dizer, sou uma mãe corujíssima, mas procuro ser uma mãe coruja saudável. Frequentemente, a mãe coruja tende a superfaturar os pontos positivos dos filhos e a desprezar os negativos, eu procuro equilibrar, sempre supervalorizando o lado bom, porém, sem deixar de apontar os erros, as falhas, para que possam melhorar sempre.
Eu como uma boa e perfeita mãe coruja, gosto de ter os filhotes sempre debaixo das asas e diante do meus olhos, sempre sob minha supervisão. Simplesmente adoro ouvir elogios sobre eles, este é o "meu momento corujice", é quando inflo feito um balão, cheia de orgulho. Tenho muitas razões para corujar ... minhas crias são lindas, inteligentes, saudáveis, criativas, felizes, responsáveis, têm uma auto-estima elevada, têm boas notas na escola, acredito ter tido, até agora, êxito na criação dos pimpolhos, motivos suficientes para que eu tenha muito orgulho dos meus três filhotinhos de coruja.
Pesquisei um pouco sobre a origem da expressão "mãe coruja" e me deparei com uma fábula que muito provavelmente deu origem ao termo, o autor não ficou bem definido, pois alguns constam como sendo uma fábula portuguesa, outros de La Fontaine e outros ainda citam como sendo de Esopo ...
Coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes. - Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra. - Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa. - Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes. - Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes? - Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus. - Está feito! - concluiu a águia. Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto. - Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja. E comeu-os. Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves. - Quê? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste... Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio ama, bonito lhe parece. |
Aos olhos das mães, principalmente aos olhos das mães corujas, os filhos são sempre perfeitos e lindos, o coração de uma mãe é o lugar mais seguro do mundo e onde se encontra sempre o perdão.
Há um ditado judaico que diz: "Deus não podia estar em todos os lugares, por isso, criou as mães". O amor de uma mãe por seus filhos é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ela compreende até o que os filhos não dizem, lhes perdoam qualquer desfeita.
A mãe. se sente culpada porque não fez, porque não fez melhor, porque acha que fez pouco, porque podia ter feito diferente, porque fez e não deveria ter feito, ou ainda porque não sabia como fazer e poderia ter aprendido. Por isso e muito mais, toda corujice deve ser perdoada. Entre alegrias e tristezas, entre acertos e erros, ser mãe é uma dádiva, a experiência mais gratificante de uma vida, é poder ver os filhos crescerem, descobrirem o mundo, transformarem-se em indivíduos únicos, cada um diferente do outro, como água e vinho, mesmo vivendo num mesmo ambiente familiar, partilhando as mesmas experiências culturais, dividindo a mesma educação e atenção, porém reagindo ao mundo, cada um a sua maneira, absorvendo tudo de um jeito particular, de acordo com sua personalidade.
A dimensão que ser mãe representa é algo tão grandioso que nós como filhos só entendemos o dia em que nos tornamos pais. Só então seremos capazes de entender todo aquele orgulho, toda aquela atenção, toda aquela dedicação, zelo, preocupação que nos foi dedicado durante anos a fio, e que por vezes achamos tão exagerado.
Mãe Coruja é assim, paparica, elogia, cuida, critíca, se intromete, briga, porém ouse falar mal de um filho, arranjou encrenca em dobro. Mas o importante é que todos nós temos nossa "coruja particular", sempre disposta a ver o que há de melhor em nós.
Mãe Coruja, eu sou .
Você é?
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