Por vezes, já me questionei dos porquês de certas mulheres, em pleno século XXI, ainda abaixarem as cabeças para seus "donos" opressores.
O que leva uma mulher a transformar-se numa escrava passiva, num capacho que cumpre as ordens com uma obediência cega, uma espécie de propriedade do homem, sofrendo todo tipo de humilhação, de violência, de constrangimento, de coerção, de agressão física, psicológica e moral, de menosprezo, de ameaças, de privação arbitrária da liberdade, de viver no temor ...
É com perplexidade e alarmismo, que vejo um grande número de mulheres que ainda insistem em permanecer nestes tipos de relações conturbadas e abusivas. Mulheres reprimidas, sabotadas, fragilizadas ... submetendo-se ao julgo de seus homens.
As razões que alegam são as mais diversas, e confesso para mim, as mais absurdas:
* Tipo de criação arcaica ou muito religiosa, moldadas para a submissão e a dominação masculina.
* Dependência emocional e financeira.
* Em prol dos filhos, do casamento e para que a família não se desintegre.
* Vergonha social.
* Por amor ao homem agressor em questão, e BLÁBLÁBLÁ ...
A sociedade evoluiu lentamente durante milênios e ainda existem mulheres que se submetem as ordens e imposições masculinas que uma cultura ignorante e retrógrada lhes impõe, outras usam a desculpa da dependência econômica para justificar sua anulação, sua falta de iniciativa, sua acomodação diante de uma situação degradante . Ou ainda, uma desculpa mais descabida, como a de preservar o casamento para não desintegrar a família e não privar os filhos da convivência e da união dos pais, ora ...eu pergunto, uma família onde a mulher é constantemente aviltada e os filhos expostos de maneira traumática, esta dita família, já não se encontra totalmente deteriorada?
Outra desculpa comum, é a vergonha social ... vergonha maior é você e sua família viverem como vítimas governadas sob o domínio de um ditador autoritário, de um homem manipulador, machista, possessivo, um tirano violento que julga ter o direito e o poder de controlar outras vidas na base da força e do terror.
E na minha visão, a pior das desculpas, a mais esfarrapada, é o amor pelo agressor, que ser em sã consciência é capaz de amar seu carcereiro, o seu algoz? Isso sim, é falta de amor próprio, escassez de auto estima, é não se dar o devido valor.
Conheço infinitas história de mulheres que vivem ou viveram essa dura realidade, eu mesma vivenciei na infância momentos difíceis passados pela minha mãe diante das bebedeiras do meu pai.
Aqui mesmo onde moro agora, muitas vezes ouvimos os ruídos das agressões sofridas por uma vizinha que aceita tudo passivamente e age como se nada acontecesse, como se fossem uma linda família feliz. Outro dia descobri que existem outras mulheres que também sofrem agressões com as repentinas explosões de fúria de seus doces e educados maridos, e que são ouvidas por toda vizinhança.
Uma delas relatou a uma amiga em comum, com a maior naturalidade, que vive em constante vigilância de atos e movimentos, vivendo quase que absolutamente num confinamento doméstico, impedindo-a de cultivar amizades, tudo devido ao excessivo ciúme do apaixonado e romântico marido.
Um outro exemplo, uma jovem trabalhadora que fazia faxina em minha casa, chegava constantemente queimada de cigarro ou com lesões por ter apanhado do marido bêbado, e quando eu a questionava, ela sempre dava um jeitinho de perdoar seus abusos justificando com a frase : "Ele é bom, não é assim não, só quando bebe."
Sei que nem todos são iguais, nem todas as mulheres se submetem igualmente a essas dominações e nem todos os homens cometem pequenos "assassinatos" físicos, psicológicos ou morais diários, contudo é um problema universal, gravíssimo que assola normalmente de forma silenciosa ,não só um grande número de mulheres, como desestrutura e deixa marcas profundas em toda a família que sofre com todo tipo de violência doméstica, independente de seu nível cultural, social , econômico, raça, credo ou etnia.
Interessante, que sem saber sobre o que estava escrevendo no novo post, minha mãe veio hoje, conversar comigo, a respeito exatamente do conteúdo dele. Sobre uns vizinhos dela e seus problemas domésticos, agressões, traições, brigas, e etc ...
Chegamos a uma triste conclusão, a de que muitas destas mulheres, aceitam a submissão como uma coisa natural, encaram as agressões como merecidas e desculpam seus maridos agressores de várias maneiras, e sentem-se ofendidas e muitas vezes se revoltam contra quem tenta ajudá-las.
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O certo é que não sabemos o que acontece entre quatro paredes, é um assunto delicadíssimo e complexo de se envolver, e a verdade nua e crua é que em assunto de marido e mulher é difícil saber quando e "se" devemos meter a colher.
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