Diante deste quadro, nos tornamos alvos fáceis, em busca do corpo, do rosto, do cabelo perfeitos, nos massacrando em frente ao espelho, insatisfeitas com a infinidade de defeitos que ele, o espelho, insiste em apontar.
Acabamos por sucumbir à este desejo de perseguir a tão sonhada juventude eterna, de ser bela, magra e esticada.
Vivemos sob a ditadura da beleza, escravas da vaidade, de um reflexo, da imagem perfeita ...
E o espelho torna-se o grande vilão, nosso pior inimigo, um utensílio de tortura que insiste em mostrar aquilo que não queremos ver, a verdade de um modo desumano e cruel, insiste em mostrar nosso pior lado, nosso real tamanho, nossas rugas, nossa flacidez, nossa celulite, nossas estrias, nossos pneuzinhos, nossas olheiras, nossas gordurinhas extras, mostrando que o tempo cobra sua passagem, nos fazendo sofrer com o envelhecimento.
Contudo, ninguém está satisfeito, valorizamos mais nossos defeitos do que nossas qualidades, depositamos demasiada importância a beleza exterior permitindo que o narcisismo nos escravize.
Como nos livrarmos desta tirania?
Como não querer sua juventude de volta?
Como encarar o espelho sem sofrimento?
Como aceitar ou não o que vê?
Como enxergar além da imagem projetada no espelho?
Qual é a sua relação com o espelho?
Os espelhos sempre me fascinaram, sempre tive ótima relação com eles, minha casa é repleta deles, de todos os formatos e tamanhos, nunca tive problemas com eles, nunca fui escrava deles, a aparência nunca esteve acima da essência, mas hoje, não gostei do que ele refletiu ... exatos sete quilos a mais do que o desejado, do que o considerado ideal, distribuídos estratégicamente na barriga, nos quadris, nas coxas e nos ombros.
Acho que acabei de perder a ilusão sobre a minha própria juventude ...