Você nunca sentiu um certo constrangimento diante de situações inusitadas, nunca sentiu embaraço diante de comportamentos patéticos de outras pessoas?
Isso vive acontecendo comigo, é incontrolável, é inevitável, simplesmente você sente, não tem explicação! O fato não tem nada a ver com você, você não é o responsável, mesmo não tendo feito nada, você quer enfiar a cabeça num buraco, sente vontade de pedir desculpas pelo outro.
A vergonha alheia é um enigma, uma sensação estranha a que todos estamos expostos, um sentimento de culpa, de incômodo que se sente quando você vê seus semelhantes se prestarem à papéis ridículos, a pagarem micos homéricos e muitas vezes, ainda acharem que estão arrasando.
À vezes, o fato ou o indivíduo causador da vergonha alheia não o faz de propósito, contudo na sua maioria a conduta imprópria, a atitude vexatória ou as palavras descabidas e inadequadas causada por terceiros, ocorrem justamente com aqueles indivíduos sem nenhum senso de ridículo, sem espírito crítico, os ditos sem noção, sem equilíbrio, sem o famoso "desconfiômetro". São pessoas sem filtro, insensatas, não refletem, não moderam, não medem as palavras nem as consequências, se expõem cometendo as maiores sandices.
Nossas vidas são fontes riquíssimas e inesgotáveis de material para excelentes histórias, nosso dia a dia é repleto de acontecimentos e situações pitorescas, a vida, a TV e agora a Internet, nos proporcionam cenas de vergonha alheia constantemente.
A seguir exemplificarei o significado de vergonha alheia, através de certos episódios por mim vivenciados, dignos de provocarem desconforto e rubor das faces diante de vacilos, gafes e espetáculos ridículos causados por terceiros, onde senti vontade de gritar em alto e bom som: "Para!", "Chega!", "Basta!", "Cala a boca!", "Se toca!", "Nãããão!", "Pede licença e sai de fina", etc,etc e etc...
Episódio 1:
Na TV, alguns programas e propagandas, me causam este efeito (vergonha alheia).Como por exemplo, as entrevistas em inglês da Sabrina Sato, a entrevista também em inglês, dada pelo técnico de futebol Joel Santana para a imprensa do mundo, a transloucada da cantora Vanusa tentando cantar o Hino Nacional. Ou ainda, aquela propaganda de cerveja, onde o cidadão chega numa festa de sunga, porchete, blaser, óculos, rebolando feito uma minhoca que levou uma chinelada, ao som de "Adocica meu amor..."
Tenho vontade de cavar um buraco e me esconder. E estes são apenas alguns exemplos.
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Excelentíssimo Sr. Joel Santana |
Episódio 2:
Estas mulheres ma-ra-vi-lho-sas, totalmente sem noção, que expõem suas banhas protuberantes, suas bundas gigantescas, gordurosas, com a pele parecendo uma casca de mexerica e ainda colocam piercing naqueles umbigos enormes, que parecem poços sem fundo, se achando "as gostosas", "as rainhas da cocada", rebolando e dançando em qualquer lugar para quem quiser ver, enquanto a galera racha de rir.
Episódio 3:
Os próximos são mais específicos, pois se tratam de pessoas conhecidas, o que é ainda pior.
Fui por duas vezes acompanhada a festas finas, elegantes por um ser que tem a Síndrome da Shirley Temple quando criança. Cisma em usar umas roupas nada a ver. Em uma das festas usou um vestidinho rosa calcinha, todo cheio de babadinhos, frufrus e florzinhas penduradas que era um horror! Parecia uma velha fantasiada de criança! Na outra, colocou um conjunto rosa calcinha de novo, daquele tecido "anarruga" ( para quem não conhece, é um tecido com efeito todo enrugado, amassado), muito em moda quando eu era ainda uma criança. A roupa era tão antiga, que exalava mofo só de olhar, na mesma linha da roupa, colocou uma meia-calça de seda branca com sandália (obs. a ponta dos dedos da meia estavam vermelhas, a meia era usada e o outro calçado desbotou na meia), para completar o look, adicionou uma porção de penduricalhos, anéis, pulseirinhas, daquelas compradas antigamente no carrinho de pipocas, se achando super fashion. Não tô exagerando não! E não é por falta de grana, é mau gosto mesmo! E não pensem que melhorou...
Eu senti muuuuita vergonha alheia!
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Shirley Temple |
Episódio 4
Este dia, eu não estava presente, mas só de ouvir contar, eu senti vergonha por ele.
Era um sábado chuvoso, meu amigo foi levar comida para seu doberman, que ficava no seu comércio no centro de São Bernardo, como chovia e ele tinha moto, resolveu levar a marmita do cachorro (cheia de arroz com pescoço de frango cozido) de ônibus.
Balança pra lá, balança pra cá, uma freada mais brusca do buzão e lá se vai a marmita voando, se espatifa bem no meio do corredor e é pescoço de frango pra todo lado. Nem preciso dizer que os passageiro todos o olharam com a maior cara de dó (Ô coitado!!), achando que aquela pescoçada toda era seu almoço. Ele desceu no próximo ponto.
Episódio 5:
Levei uma amiga para passar o feriadão comigo na praia. Lá chegando, quando a garota saiu do quarto de biquíni, tive vontade de morrer.
Ela era grande e gorda, até aí tudo bem, porém a danada era tão branca, tão branca, tão transparente, que alumiava, chegando a ser rósea e ainda por cima coxuda e peluda, não se depilava, tingia a cabeleira da perna e adjacências e ainda ostentava aquilo tudo com o maior orgulho.
E quando digo cabeleira, tô dizendo ... dava pra fazer até penteado.
A perna dela, era o próprio porco rosa, peludo, gordo, igualzinho aos do sítio da Titia. E eu desfilando com ele ( o porco). Foi dose!
Episódio 6:
Meu marido e eu, tínhamos um casal de amigos em comum e costumávamos sair muito juntos (manterei seus nomes em sigilo, chamarei-os apenas de "ELE" e "ELA"), um belo dia , como tudo na vida, o romance deles acabou, cada um foi cuidar da sua vida do seu jeito, porém continuamos amigos de ambos.
Uma noite, numa de nossas saídas com "Ele", depois de alguns drinks, estávamos contando causos e peripécias engraçadas, quando ele veio com uma história (que infelizmente por motivos óbvios não posso revelar aqui), sobre "Ele" e sua ex, referente a uma situação sexual engraçada , onde aconteceram coisas hilárias, muito íntimas e pessoais, fatos delicados . E nojentos também !!!
Passado um tempo, caímos na mesma situação, só que agora estávamos com "Ela", quando então "Ela", resolve contar a mesma história, só que mudando os personagens, dizendo se tratar de uma "conhecida" dela.
Vocês nunca viram meu marido rindo ... é difícil fazê-lo rir, a piada tem que ser muito boa. E quando ele ri, ninguém que esteja próximo consegue ficar sério. Naquele dia ele rolava no chão de tanto rir, as lágrimas escorriam pelos seu olhos... e eu não sabia se ria ou chorava diante daquela cena, quanto mais ele ria, mais ela se empolgava achando que sua história estava agradando.
Geeente!! Foi duro... tamanha a vergonha alheia que senti por ela, mesmo sabendo que só meu marido e eu sabíamos a verdade.